terça-feira, 1 de setembro de 2009




cheguei na esquina.
infame.

olho para os dois lados, sinto receio de que eles estejam á espreita. nada nos bolsos. nada nos olhos.


não quero que me vejam, nem falem comigo. isso é tudo um jogo.

talvez não consiga responder ao que me é questionado. o motivo da corrida perdeu-se antes. (parece estranho para mim também).


ando devagar, cautelosa, acho um tanto egocêntrico acreditar que serei abordada agora, a rua esta cheia de outras cabeças. que se viram para os dois lados. a minha sempre direciona-se para um lado só.


aperto o envelope no peito, ele se confunde com o que sou agora, esse envelope me representa. me define.


não recordo qual a minha face, os meus traços. mas isso é paliativo.


mas ele esta ali. eu sempre soube que estaria.




terça-feira, 25 de agosto de 2009


Entro naquela sala. Aquela. Voce sabe de qual sala eu estou falando. Vc já entrou lá. Também ficou com medo. Ela está lá. Nem sempre ela é esnobe. A covardia nos conhece bem, pensa compreender os nossos medos. Ela está lá. Sentada numa poltrona. Ela é séria. Mas vc entra mesmo assim, sente-se desconfortável, respira fundo. A encara e sente receio. Mas vc tem um garrafa de Wisky barato, e um último cigarro ainda no bolso da calça.

Ela sorri.

Vc recorda que o cenário é conhecido, ouve passos pelo corredor, é aquele senhor com um ganancioso chapéu, com tosse seca, e aquele olhar vazio meio estrábico. Ele segura na maçaneta mas não entra. Sabe que não é esperado. Outros chegarão.

Ele é apenas uma testemunha participante, um protagonista sem closes e nem roteiros de fala improvisada. Espontâneo tal qual o momento, tal qual a razão, tal qual o agora.

Ela me esperava há tempos. Entrega-me o que preciso num pequeno embrulho.

Encosto a porta. Abro o envelope e conto o dinheiro. É muito dinheiro. Corro.


quarta-feira, 1 de julho de 2009

Amelie...


“(...) Privada do contato com outras crianças, dividida entre a agitação da mãe e a distância glacial do pai, Amélie encontra refúgio no mundo que inventou. Nesse mundo, o disco de vinil é feito como as panquecas e a mulher do vizinho, em coma há meses, na verdade, resolveu dormir de uma vez só todo o sono de sua vida.- Assim posso ficar acordada dia e noite todo o resto da minha vida.
(...)Dias, meses e anos se passam.O mundo parece tão morto que Amélie prefere sonhar até ter idade para partir.
(...)Cinco anos depois Amélie é garçonete num café de Montmartre, o Deux Moulins.
(...)Em 48 horas o destino de Amélie mudará. Mas por hora ela não sabe disso. A vida segue seu curso entre colegas e clientes.Às vezes, na sexta à noite, Amélie vai ao cinema. - Gosto de me virar no escuro e observar o rosto dos outros. Também gosto de procurar detalhes que ninguém vê. Em compensação, não gosto quando o motorista não olha para a estrada.
Amélie não tem namorado. Tentou uma ou duas vezes, mas o resultado não foi o que esperava.Em compensação cultiva um gosto particular por pequenos prazeres: enfiar a mão bem fundo no saco de cereais, quebrar a cobertura do ‘crème brúlée’ com a colher e jogar pedras no Canal Saint Martin.
(...)O tempo não mudou nada, Amélie continua se refugiando na solidão. Diverte-se com perguntas idiotas sobre a cidade à sua volta. Quantos casais, por exemplo, estão tendo orgasmo nesse exato momento?- 15!”
(O fabuloso destino de Amélie Poulain)
"AMELISTICOS: Seres impulsivos, apaixonados e de coração nobre, raros..."

terça-feira, 7 de abril de 2009

ACROSS THE UNIVERSE


Como diria Tim Maia "Uh! Uh! Uh! Que Beleza!"
Não tenho outra coisa a dizer sobre esse filme.
Uma obra fabulosa, única, estou extasiada ainda. Trata-se de um filme que ainda não havia sido feito, que mostra a trajetória de um casal e de pessoas ao redor deles, contada (e cantada) pelas músicas dos Beatles. O projeto ficou nas talentosas mãos de Julie Taymor, premiada por seu trabalho em Frida.
Pra se ter uma idéia as músicas escolhidas se encaixam perfeitamente, e ajudam a contar a história e os dramas vividos pelos personagens. São executadas da primeira à última nota, puro rock roll, mas rola da duração de Across the Universe ser meio longa, problema que todo beatlemaníaco vai ter que aturar em respeito ao legado da banda, mas isso os caras já aturam há mais de 30 anos com Yoko Ono. rs
Tem as participações especiais do Bono (como hippie Dr. Robert cantando "I am The Walrus"), Joe Cocker (triplo papel de um cafetão, mendigo e hippie emprestando sua voz rouca para "Come Together"), Salma Hayek (dançando "Happiness is a Warm Gun" vestida de enfermeira) e do comediante Eddie Izzard (o apresentador do circo em "Being For the Benefit of Mr. Kite!").

Obs. Levando em consideração toda a importância que as letras das músicas têm na história, esse filme além de bem sacado, é um presente pra galera que vê no rock sua salvação, rs que sem exagero enxerga no rock roll a arte que nos é roubada todos os dias pelo bombardeio de babaquice musical socado "guela a baixo" pela midia em geral.

quarta-feira, 18 de março de 2009

Paixões de hoje!


Eu amo o Gabriel Garcia Marquez, incondicionalmente. Apaixonadamente.
Olha se esse amor não tem motivo:
"O sexo é o consolo que a gente tem quando o amor não nos alcança."
(Trecho do livro Memórias de Minhas Putas Tristes)

Mas vim aqui pra dizer que eu amo a Penélope Cruz como Maria Helena (Vick Cristina Barcelona), e apesar dela brilhar tanto na produção (e consequentemente ofuscar todos em cena), o Javier também me encheu de suspiros, o tempo todo que ele aparece. Ai ai!!!
Houve algumas falas que me comoveram, me inspiraram. Não me recordarei com precisão todas, mas algumas são essas:

- Ele não é como um zumbi em série. (OBS. RAPAZ QUE COINCIDENCIA!)

- Os relacionamentos são na maioria desastrosos...

... você é como a nuança que adicionada a uma paleta torna a cor bonita.

Vick - Porque seu pai não publica seus poemas?
Juan - Porque ele odeia o mundo. E essa é a maneira dele de revidar. Criar trabalhos lindos e então negá-los ao público.
Vick - Bem, porque ele está tão zangado com a raça humana?
Juan - Porque depois de milhares de anos de civilização os homens ainda não aprenderam a amar.

- é como uma doença, nunca nada lhe bastará... ela nunca vai ficar satisfeita com nada... insatisfação crônica, é o que você tem. (OBS. HÁ, ME LEMBRA A JULIA ROBERTS NO CLOSER)

... seu modo de ver é todo meu...

... eu o amo, mas não sou apaixonada por ele há anos...
- Nosso amor vai durar para sempre. É para sempre, mas não dá certo. Por isso sempre será romântico. Porque não pode ser completo.
Enfim acordei apaixonadamente feliz por existirem Gabriel G. Marquez e Penélope Cruz neste mundo. Me basta por hoje!!!

terça-feira, 17 de março de 2009

Dylan


"Você nunca se virou para ver as carrancas

Dos equilibristas e dos palhaços

Enquanto todos eles chegavam

E faziam truques para você

Você jamais entendeu que isso não é bom"

(Bob Dylan)


Não adianta chamar meu nome,

como você nunca fez antes...

Não consigo mais te ouvir.

Dylan

segunda-feira, 16 de março de 2009

Passado


Lidar com o passado é dureza. Sabe, aprender a lidar com lembranças e momentos (bons ou ruins), e no presente. É mais fácil viver do passado acredito, é o lugar comum, terra firme, onde se foi (ou não) feliz, sabendo-se que poderá sentar e relembrar e remoer.
Sabe aquele casal que está casado há anos e falam com saudade sobre os dias iniciais quando estavam começando. Você começa a pensar, será que voltariam lá se pudessem? Ou alguém que teve fama e glória, e as pessoas ainda estão falando sobre isso. E o olhar distante nos seus olhos, e a saudade nas palavras, e você começa a pensar que acreditamos que os nosso melhores anos já se passaram.
É engraçado como somos pegos pelo impulso de ter saudade do que fomos, quando estávamos começando, quando era a primeira vez, quando tudo era novo. Mas não é. Tudo não é novo. Nós não somos quem éramos. E as coisas não são como eram.
Quanta energia se gasta, desejando que as coisas fossem como eram?
Talvez seja necessário se lastimar, ou lembrar como era bom quando eles eram vivos, ou pedir desculpas e fazer reparos , ou até mesmo fazer algo bom para ficar de bem com o que foi. Sabemos que o certo é então, seguir adiante.
Mas e o desespero que se estabelece quando acreditamos que as coisas eram melhores antes? Quando nos prendemos ao que foi, quando não estamos presentes. Deviamos perceber que se nos prendermos as coisas como eram, nossos braços não estão livres para abraçar o hoje. E bem, nem sequer temos garantias do amanhã. E tudo que temos é o que afinal? O tal presente acredito. E talvez a saída seja buscar as respostas no momento certo, como saber se será no que passou ou no que esta se movendo hoje?
???

sexta-feira, 13 de março de 2009


A música tem poder. Está em tudo, em todos, até nos que dizem não gostar. Quem fica feliz e não cantarola alguma coisa, mesmo um jingle das Casas Bahia?
Mas a música mesmo se faz presente em mim quando estou triste, essa é a verdade. É na tristeza que ela me busca, é na melancolia que ela se mostra: necessária, única, companheira fiel. Não preciso cantá-la, basta embalar-me nas cifras, na melodia, deixa-la fazer parte dessa busca por respostas. Nessas horas minha vida tem trilha sonora, digna de qualquer filme blasé, e esqueço-me da minha pequenez.
Existem algumas que me forçam a lembrar de épocas que se foram, e algumas de épocas que acredito estarem por vir. Até o cheiro de algumas coisas me voltam aos sentidos, uma emoção qualquer, um filme, uma risada, muitas vezes uma piada. Tudo perfume de sentimentos.
Música é beleza, poesia, é vontade de sair do que está sempre á volta, pra vivermos uma emoção que não sabemos ainda qual é.

"Felicidade se acha é em horinhas de descuido"
Guimarães Rosa

segunda-feira, 9 de março de 2009


A arte de ser feliz

Houve um tempo em q minha janela se abria sobre uma cidade q parecia ser feita de giz. Perto da janela havia um pequeno jardim quase seco. Era uma época de estiagem, de terra esfarelada, e o jardim parecia morto. Mas todas as manhãs vinha um pobre c/ um balde, e, em silêncio, ia atirando c/ a mão umas gotas de água sobre as plantas. Ñ era uma rega: era uma espécie de aspersão ritual, p/ q o jardim ñ morresse. E eu olhava p/ as plantas, p/ o homem, p/ as gotas de água q caíam de seus dedos magros e meu coração ficava completamente feliz. Às vezes abro a janela e encontro o jasmineiro em flor. Outras vezes encontro nuvens espessas. Avisto crianças q vão p/ a escola. Pardais q pulam pelo muro. Gatos q abrem e fecham os olhos, sonhando c/ pardais. Borboletas brancas, duas a duas, como refletidas no espelho do ar. Marimbondos q spre me parecem personagens de Lope de Vega. Ás vezes, um galo canta. Às vezes, um avião passa. Tudo está certo, no seu lugar, cumprindo o seu destino. E eu me sinto completamente feliz. Mas, qdo falo dessas pequenas felicidades certas, q estão diante de cada janela, uns dizem q essas coisas ñ existem, outros q só existem diante das minhas janelas, e outros, finalmente, q é preciso aprender a olhar, p/ poder vê-las assim.(Cecília Meireles)

sexta-feira, 6 de março de 2009

Anti-depressivos


Eu não sei o que pensar sobre anti-depressivos. Acho que é algo muito ligado aos atores que tem fama, grana e glamour. Que tomam uma super dose (dentro do apartamento luxuoso de algum hotel) por um motivo que só eles conhecem, morrem, são homenageados e podem talvez ganhar um Oscar póstumo.

E como gente comum faz? Sem a grana, a fama, e o apartamento luxuoso?

Quanto mais eu conheço as pessoas mais eu gosto da Janis (uma pitbull)


Pois é fabuloso como as pessoas são interessantes, tanto pro lado bacana, quanto pro lado negro da força. Vi ontem pessoas adultas com reações e falas dignas de novela mexicana. Personagens muito bem construidos, uma verdadeira piada. Vi um rapaz dizer coisas sobre ele e seu patrimonio financeiro e ser motivo de chacota por todos os ouvintes e ele nem sequer perceber q ao invés de estar fazendo a piada, ele era a própria. Os pais dele estavam extasiados com o discurso do filhote. Hilário. se eu estivesse de bom humor iria rolar de rir. Mas eu não estava.