segunda-feira, 9 de março de 2009


A arte de ser feliz

Houve um tempo em q minha janela se abria sobre uma cidade q parecia ser feita de giz. Perto da janela havia um pequeno jardim quase seco. Era uma época de estiagem, de terra esfarelada, e o jardim parecia morto. Mas todas as manhãs vinha um pobre c/ um balde, e, em silêncio, ia atirando c/ a mão umas gotas de água sobre as plantas. Ñ era uma rega: era uma espécie de aspersão ritual, p/ q o jardim ñ morresse. E eu olhava p/ as plantas, p/ o homem, p/ as gotas de água q caíam de seus dedos magros e meu coração ficava completamente feliz. Às vezes abro a janela e encontro o jasmineiro em flor. Outras vezes encontro nuvens espessas. Avisto crianças q vão p/ a escola. Pardais q pulam pelo muro. Gatos q abrem e fecham os olhos, sonhando c/ pardais. Borboletas brancas, duas a duas, como refletidas no espelho do ar. Marimbondos q spre me parecem personagens de Lope de Vega. Ás vezes, um galo canta. Às vezes, um avião passa. Tudo está certo, no seu lugar, cumprindo o seu destino. E eu me sinto completamente feliz. Mas, qdo falo dessas pequenas felicidades certas, q estão diante de cada janela, uns dizem q essas coisas ñ existem, outros q só existem diante das minhas janelas, e outros, finalmente, q é preciso aprender a olhar, p/ poder vê-las assim.(Cecília Meireles)

Nenhum comentário:

Postar um comentário