quinta-feira, 28 de abril de 2011

Tenho medo da caixa de e-mails

Pessoas ansiosas vivem com dores nas costas, pensando alucinadas em resoluções planejadas, e claro, detestam surpresas.

Algumas das piores surpresas costumam aparecer na caixa de e-mails. Para mim estas são as piores. As boas lembranças são raríssimas: foi por e-mail que tive uma grata surpresa, receber o pedido de namoro enviado por um grande amor e também pelo mesmo canal que respondi o esperado sim! Mas também foi por email que degustei numerosos nãos.

- Não temos interesse em seu currículo neste momento.

- Não poderemos parcelar sua divida.

- Você NÃO passou no processo seletivo, sentimos muito!

Ahhhh! Quase me vejo abrindo a caixa de e-mail e vendo o “numerozinho” de mensagens novas e em seguida a sofreguidão no primeiro clique. Então é aí que começa as caretas em frente ao computador. Uma torcida de nariz (vai lá, todo mundo sabe fazer isso), os ombros vão caindo lentamente e em casos mais graves os olhos começam a encher de lágrimas. Ô vida!

Como é ruim recebermos um não. E como isso faz doer. Já dizia uma amiga: “crescer dói...”

João Cabral de Melo Neto, em um poema sobre a beleza, já comparava a importância desta palavrinha de três letras: ... é tão belo como um sim numa sala negativa.”

Deveríamos fazer uma campanha encaminhada por e-mail sobre o SIM coletivo.

- SIM eu aceito casar com você.

- Sim, eu vou dividir os lucros com todo prazer!

- Sim, você conseguiu a vaga.

Enquanto isso, vamos enchendo o peito de oxigênio e transpirando coragem apesar dos 50 tipos de medo ao clicar no novo envelopinho, singelo e tão temido.

2 comentários:

  1. Que orgulho de você-cronista-do-cotidiano. Se eu tivesse talento, escreveria um poema dadaísta em sua homenagem. Porque só por Dadá esse povo talentoso. Sôdade.

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  2. Taiana, entre tantos sim e não, virtuais, reais, surreais vamos aprendendo e crescendo!! Beijocas! Te amo, amei sua crônica!

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